domingo, 14 de agosto de 2011

Não basta ser pai...tem que ser homem com H.

Coincidência ou não, minha última postagem foi no dia das mães. Fazia tempos que eu não aparecia por aqui.
Sei lá...cada dia que passa o tempo parece mais escasso, mal temos tempo para os afazeres cotidianos, ou será que eu que estou ficando lenta e não estou dando conta do recado? Enfim....aqui estou eu escrevendo novamente e pra falar sobre os pais da minha vida.
Eu não posso dizer que meu pai era mal...mas também não era nenhum exemplo de pai perfeito.
Sempre fui  convicta de que não é porque uma pessoa  morre que ela vira santa.
Mas voltando ...acho que na época dele os valores machistas falavam mais alto e a figura do pai tinha o esteriótipo de ser aquele a quem a família toda devia respeito, nem que isso fosse as custas mais do mêdo do que de qualquer outra coisa.
Eu como única filha mulher das "relações" dele ,era quem mais contestava sua maneira de ser .. era a única pessoa que o  enfrentava sem levar uma bolacha.
Ao mesmo tempo que ser mulher me protegia de uma certa maneira também me prejudicava  muito com relação ao mundo que eu queria alcançar e ele me podava por eu ser do sexo feminino. Férias na casa das tias (irmãs dele) por exemplo era privilégio apenas do meu irmão. Ele nunca permitiu que eu passasse um dia na casa de alguém. Talvez porque ele  aprontasse todas com as filhas dos outros e só o fato de imaginar que alguém poderia lhe retribuir afetava demais o ego.
Quando criança eu venerei meu pai como se ele fosse o maior e o melhor homem sobre a face da terra. Ele era daqueles tipos que conhecia e sabia fazer de tudo. Tinha coragem para enfrentar qualquer coisa, um verdadeiro super homem. Era divertido, proporcionava pra gente aventuras incríveis com carros, barcos , cavalos e tudo aquilo que criança adora! Era o tio mais adorado e o pai mais invejado por todas minhas amigas. Sempre com carrão esporte na porta da escola pra marcar presença.
Depois que entrei na adolescência esse pai começou a tomar outra forma, ele era o marido infiel que fazia minha mãe sofrer, o pai rígido que não me deixava fazer mais nada a não ser ir trabalhar pra sustentar a família que era dele. Eu não tinha  privilégios e só obrigações que não eram minhas. O meu herói virou vilão. Me casei, nos afastamos e assim foi até o final dos dias dele.
Morreu cedo por negligenciar a própria saúde, deixou filhos espalhados e não reconhecidos com mulheres que só tiveram a coragem de reivindicar isso após a sua morte.
Tudo poderia ser diferente se ele não tivesse feito tudo errado. Se ele tivesse colocado em primeiro lugar os seus valores de HOMEM e não de macho.
Já chorei muito de saudades do pai da minha infância, assim como não tenho um pingo de saudades daquele pai da minha adolescência até a idade adulta.

Meu pai foi uma criatura de outra época e assim como ele muuuuitos outros fizeram o mesmo, e apesar dos tempos mudarem ,tantos outros continuam fazendo. Por outro lado  muitos homens da mesma época, optaram por suas famílias..."simples assim"! (como muitos dizem hoje)
Existem pais e PAIS. Graças a Deus o PAI dos meus filhos tem valores muito diferentes dos do meu pai. É presente, participante, carinhoso, íntegro,amigo, responsável, solidário e que soube ensinar a eles o verdadeiro valor de uma família.
Fazer um filho é fácil, duro é ser PAI e pra isso primeiro tem que ser homem com H e não com M de macho.
Muitos devem achar que de uma certa forma estou expondo meus ressentimentos ou até mesmo falando de uma pessoa que ja não está mais aqui , mas não é nada disso.
Tenho certeza que meu pai, onde quer que ele esteja está aprendendo muito para evoluir e sou grata a ele por ter me dado a vida.

Mas eu gosto de imaginar como tudo poderia ter sido tão diferente.