A genética fala mais alto.

Existe um dito popular que fala: Se você quer ver como será sua esposa daqui a 30 anos, olhe bem para a mãe dela. Sempre achei isso mais uma daquelas piadas de sogra, mas hoje estou achando que essa frase tem seu valor.
Nunca me achei parecida com minha mãe. Isso inclui o lado físico e emocional.
Ela fazia uma pequena maldade comigo na infância, dizendo que tinha me achado numa lata de lixo. Várias vezes pensei seriamente sobre o assunto, tamanha as nossas diferenças.
Minha mãe era daquelas pessoas adoráveis que cativava as pessoas. Dificilmente discutia com alguém por motivos tolos, tinha uma paciência enorme com tudo. Era bem humorada e dona de uma simplicidade que dava até raiva. Imaginem que ela tinha vergonha quando o meu pai trocava o carro dela por um novo, com  medo de parecer exibicionista. Sem contar que ela era muito bonita (e não é porque era minha mãe, não). Tinha traços delicados ao contrário dos meus que eu acho  abrutalhados.
Eu,  totalmente o oposto dela, sempre fui pavio curto. Paciência eu só fui descobrir com o tempo.Sempre fui bocuda. Não sou exibicionista, mas querer andar de carro velho se pode ter um novo....dá licença né? Nas vezes em que nossos pensamentos e atitudes não se encaixavam, eu sempre tinha a ultima palavra. Ela calava com a sabedoria que hoje eu entendo perfeitamente.
Minha filha se parece muito com ela. Em todos os aspectos.
Com o passar do tempo, percebi que estou ficando parecida com a minha mãe também.
É aí que a genética começa a  falar alto. Não fisicamente, mas é incrível como muitas vezes vejo expressões dela em fotos minhas. A risada , a entonação da voz em certas frases e exclamações, o modo de sentar, de ficar em pé, de cruzar os braços, de dormir, de falar com os filhos e até mesmo atendendo ao telefone. Tudo muito parecido.
E nas atitudes posso dizer que hoje o pavio está mais longo, também estou tendo a sabedoria de me calar quando necessário. Não discuto a toa e nem fico remoendo pequenas desavenças. Meu humor melhorou muito e procuro ver sempre o lado engraçado da desgraça por pior que ela seja. Como mamãe fazia.

Nada como o tempo e uma boa genética pra gente descobrir que as pessoas queridas não se foram e estão se revelando a cada dia na nossa própria imagem ou na de nossos filhos.

mamãe com 18 anos

E também provando, no meu caso, que não fui encontrada na lata do lixo.

minha filha com 18 anos