domingo, 30 de outubro de 2011

Vestibular, nunca é tarde para tentar.

Existem coisas na vida da gente que simplesmente adiamos.
Quando somos jovens temos a impressão que a vida é eterna e sempre teremos muito tempo para tudo. Mas o relógio não para, a vida anda e o tempo passa. Quando percebemos, a vida está rápida demais e aí o jeito é correr atraz do tempo, realizar o que foi adiado.


Esse é o meu principal objetivo aos 51 anos. Sempre quiz fazer um curso universitário e fui adiando. Primeiro porque trabalhava o dia todo, mantinha a minha mãe e irmão com o meu salário e não sobrava dinheiro para pagar uma faculdade. Para tentar uma faculdade pública também teria que pagar um bom cursinho e isso também envolvia dinheiro. Depois desse período veio o casamento. Aí eu poderia pagar a faculdade, mas casada recentemente, continuava trabalhando fora e deixar o marido , chegar tarde em casa todas as noites  era uma coisa complicada.Tinha casa, trabalho e marido pra cuidar. Adiei novamente.
Então veio o primeiro filho, parei de trabalhar e veio a segunda filha.
Me formei na mais difícil e adorável profissão....ser mãe.
Os filhos viraram adultos, entraram nas suas universidades. Missão cumprida no quesito família mas lá no fundo uma chama fraquinha, quase apagadinha não deixou o sonho desaparecer. Varias vezes tive vontade de prestar um vestibular e até inscrição cheguei a fazer, mas mais uma vez a data da minha prova coincidiu com o vestibular da minha filha, e mais uma vez adiei.
Agora a vontade reacendeu com força total, tomei uma decisão...vou tentar. Chega de adiar um sonho que pra muitos pode parecer bobo, afinal fazer uma faculdade aos 51 anos? Mas é um dos meus ideais que simplesmente adiei uma vida toda e agora não mais.
Optei por fazer Educação Artística, curso que sempre gostei e agora tenho oportunidade de fazer sem grandes sacrifícios.
Então amanhã lá vou eu fazer a prova como uma adolescente de 17 anos que terminou o colegial. Com toda certeza ficarei contando cada minuto até o dia  que sairá a lista dos aprovados.
Se não for aprovada não ficarei frustrada ou chateada porque ao menos dessa vez eu não adiei e tentei.


domingo, 14 de agosto de 2011

Não basta ser pai...tem que ser homem com H.

Coincidência ou não, minha última postagem foi no dia das mães. Fazia tempos que eu não aparecia por aqui.
Sei lá...cada dia que passa o tempo parece mais escasso, mal temos tempo para os afazeres cotidianos, ou será que eu que estou ficando lenta e não estou dando conta do recado? Enfim....aqui estou eu escrevendo novamente e pra falar sobre os pais da minha vida.
Eu não posso dizer que meu pai era mal...mas também não era nenhum exemplo de pai perfeito.
Sempre fui  convicta de que não é porque uma pessoa  morre que ela vira santa.
Mas voltando ...acho que na época dele os valores machistas falavam mais alto e a figura do pai tinha o esteriótipo de ser aquele a quem a família toda devia respeito, nem que isso fosse as custas mais do mêdo do que de qualquer outra coisa.
Eu como única filha mulher das "relações" dele ,era quem mais contestava sua maneira de ser .. era a única pessoa que o  enfrentava sem levar uma bolacha.
Ao mesmo tempo que ser mulher me protegia de uma certa maneira também me prejudicava  muito com relação ao mundo que eu queria alcançar e ele me podava por eu ser do sexo feminino. Férias na casa das tias (irmãs dele) por exemplo era privilégio apenas do meu irmão. Ele nunca permitiu que eu passasse um dia na casa de alguém. Talvez porque ele  aprontasse todas com as filhas dos outros e só o fato de imaginar que alguém poderia lhe retribuir afetava demais o ego.
Quando criança eu venerei meu pai como se ele fosse o maior e o melhor homem sobre a face da terra. Ele era daqueles tipos que conhecia e sabia fazer de tudo. Tinha coragem para enfrentar qualquer coisa, um verdadeiro super homem. Era divertido, proporcionava pra gente aventuras incríveis com carros, barcos , cavalos e tudo aquilo que criança adora! Era o tio mais adorado e o pai mais invejado por todas minhas amigas. Sempre com carrão esporte na porta da escola pra marcar presença.
Depois que entrei na adolescência esse pai começou a tomar outra forma, ele era o marido infiel que fazia minha mãe sofrer, o pai rígido que não me deixava fazer mais nada a não ser ir trabalhar pra sustentar a família que era dele. Eu não tinha  privilégios e só obrigações que não eram minhas. O meu herói virou vilão. Me casei, nos afastamos e assim foi até o final dos dias dele.
Morreu cedo por negligenciar a própria saúde, deixou filhos espalhados e não reconhecidos com mulheres que só tiveram a coragem de reivindicar isso após a sua morte.
Tudo poderia ser diferente se ele não tivesse feito tudo errado. Se ele tivesse colocado em primeiro lugar os seus valores de HOMEM e não de macho.
Já chorei muito de saudades do pai da minha infância, assim como não tenho um pingo de saudades daquele pai da minha adolescência até a idade adulta.

Meu pai foi uma criatura de outra época e assim como ele muuuuitos outros fizeram o mesmo, e apesar dos tempos mudarem ,tantos outros continuam fazendo. Por outro lado  muitos homens da mesma época, optaram por suas famílias..."simples assim"! (como muitos dizem hoje)
Existem pais e PAIS. Graças a Deus o PAI dos meus filhos tem valores muito diferentes dos do meu pai. É presente, participante, carinhoso, íntegro,amigo, responsável, solidário e que soube ensinar a eles o verdadeiro valor de uma família.
Fazer um filho é fácil, duro é ser PAI e pra isso primeiro tem que ser homem com H e não com M de macho.
Muitos devem achar que de uma certa forma estou expondo meus ressentimentos ou até mesmo falando de uma pessoa que ja não está mais aqui , mas não é nada disso.
Tenho certeza que meu pai, onde quer que ele esteja está aprendendo muito para evoluir e sou grata a ele por ter me dado a vida.

Mas eu gosto de imaginar como tudo poderia ter sido tão diferente.



domingo, 8 de maio de 2011

MÃES

08 de maio de 2011...mais um dia das mães.

Para quem não tem mais a sua, um dia a mais para relembrar. Se é que pode ser possivel esquecer.
Eu pelo menos penso na minha todos os dias.
São lembranças de vida, de fatos corriqueiros do dia. Uma receita culinária, o modo de limpar um vidro embaçado, a bronca pelo pés descalços no chão frio, a implicância com o cochilo no sofá da sala, a risada gostosa quando nos pregava uma peça, o senso crítico de dizer que sua roupa está inadequada, a intervenção a favor dos mais frágeis, a proteção de avó dizendo pra  gente ser mais tolerante com as crianças, o cuidado  para agradar genros e noras, o cuidado com as plantas, o carinho com os animais, a sinceridade, a fragilidade, a força para lidar com as coisas da vida.
São tantas lembranças, são tantos momentos que queremos reviver para não esquecer o calor do seu abraço, o timbre da sua voz, o cheirinho de colo de mãe.
Ficaria aqui a noite toda escrevendo muito sobre a minha mãe e só depois de ter sido mãe que entendi o real significado da coisa.
Não vou repetir o que muitos ja disseram sobre amor materno ser incondicional, o maior de todos e tudo mais..porque tudo isso é mais do que verdadeiro.
Mães são únicas, são como o sol que estarão sempre trazendo a linda luz da manhã, aquecendo e  gerando a vida estejam onde estiverem.

Para todas as MÃES,onde quer que se encontrem, estaremos eternamente com voces...
Um lindo dia das mães!

domingo, 10 de abril de 2011

A tal da foto 3X4

Essa semana no twitter uma sobrinha postou um comentário a respeito de uma foto 3X4.
Nem preciso dizer o tipo de comentário porque acho que 99,9% das pessoas acha suas fotos em documentos simplesmente terríveis.
Então lembrei que quando fui renovar minha carteira de habilitação pela última vez fui vítima de uma fotógrafa de documentos que se considerava a especialista no assunto.
Pedi que ela tirasse as fotos e ela quis saber qual o destino delas. Eu disse que era para renovar minha CNH. A mulher devia ser daquelas que sabe da vida da cidade inteira e foi logo arrumando problemas dizendo que minha blusa era cavada demais e que o delegado de trânsito se recusaria a assinar minha renovação com aquela foto.
Gente.....é comigo né?
Primeiro...eu não estava nem de camiseta regata...era uma blusa que apenas não tinha mangas. Segundo...minha carteira é de São Paulo e é no Poupatempo da Praça da Sé que eu faço a renovação. Imaginem ...centenas de pessoas todos os dias lá, renovando a habilitação e alguém olhando a blusa de um por um para ver se a manga era cavada.
Fui obrigada a rir na cara da expert em fotografias. E não é que ela não queria tirar a minha foto de jeito nenhum. Tive que ser direta e mandar ela tirar que eu arcava com toda e qualquer responsabilidade. Acho que ela pensa que o delegado fica lá assinando as habilitações uma por uma. Que mundo ela vive? Gostaria de saber que década também.
Acabada a peleja da foto nem preciso dizer que ela ficou horrível. Primeiro por ser uma 3X4, segundo que eu estava de saco cheio daquela imbecil que não parava de falar um monte de besteira enquanto me enquadrava nas lentes.
Poderia ter tirado a foto em outro lugar né? Não....não podia...eu estava atrasadérrima para um compromisso, eram quase 6 hs da tarde e no dia seguinte era sábado e aproveitaria a parte da manhã em Sampa para colocar fim a essa pendência.
Carteira renovada...obviamente ninguém criou caso por causa da minha blusa mas ficou aquele documento que não vejo a hora de renova-lo novamente para mudar a foto.
Alguém enxerga meus braços de fora nessa foto?


Depois disso me veio a questão: porque a gente sempre sai com aquela cara nas fotos e a resposta e simples...não sorrimos.
Será que não se pode sorrir em foto 3X4? Alguém saberia me responder?
Só sei que quando tive que tirar outra para o curso de design não pensei duas vezes e sorri na foto. A moça que tirou (não era aquela idiota da habilitação) deve ter me achado com cara de maluca, mas foi a primeira foto 3X4 que tirei  e  gostei.
Melhor assim né?

Na  próxima renovação da habilitação vou tirar uma versão normal e outra sorrindo e vou saber a resposta.
Se barrarem meu sorriso, juro que vou querer saber o porque.
A vida é muito mais bonita para quem olha o mundo com um sorriso no rosto e de brinde ainda fica bem na foto.

terça-feira, 22 de março de 2011

A Síndrome do Ninho Vazio

Outro dia ao me despedir do meu filho na porta de casa, assim que o carro dele arrancou eu  bati os olhos na calçada e vi um ser pequenino ali...abandonado.
Cheguei perto e vi que era um filhote de passarinho.Até pensei que ele  estivesse morto ,por ser tão novinho e estar praticamente imóvel.

Papudo, no dia que o encontrei


Peguei ele nas mãos e vi que respirava. Minha primeira reação foi olhar as árvores  próximas da minha casa para encontrar o ninho que ele havia caido, mas nelas não tinha ninho algum. Então o jeito foi cuidar dele na tentativa de faze-lo sobreviver.
A primeira questão foi: como alimentar uma coisinha tão pequena e com o que? La fui eu pra salvação...o poderoso Google e descobri que ração de cachorro seria uma opção. Ótimo por sinal...porque ração de cachorro é o que não falta aqui em casa.
Batizei o pequeno de Papudo, porque ele estava com o papinho cheio quando o encontrei. Coloquei ração de molho na água pra ficar molinha e passei a alimenta-lo assim.
Papudo cresceu, criou penas e asas enormes, ja experimenta alguns voos estabanados mas ainda depende de mim para alimenta-lo.

alçando seus primeiros voos

As pessoas perguntam o que farei com ele e minha resposta é uma só: assim que eu achar que ele já consegue voar e se alimentar sózinho vou deixa-lo bater asas para encontrar os de sua espécie.
Outras pessoas acham que por eu te-lo criado ele não vai ser capaz de se virar sózinho. Eu  penso o contrário. Não estou criando ele fora do seu habitat. Ele é uma espécie de pássaro que não vive em mata nativa e tem muitos de sua espécie pelas redondezas. Ele vai seguir seus instintos como já demonstra nas revoadas e  bicadas que dá em coisas que lhe chamam a atenção (como nas minhas unhas pintadas por exemplo)

Assim como o Papudo nossos filhos fazem o mesmo caminho. Temos eles debaixo de nossas asas até o dia em  eles podem voar sozinhos.
É a passagem  de mais uma etapa concluida da vida. Alguns dizem que nessa época muitas mulheres são acometidas da "sindrome do ninho vazio".

Meus dois filhos ja levantaram voo..meu filho casou-se e minha filha foi estudar longe de casa, mas eu não sinto o meu ninho vazio.
Meus filhos voam mas estão sempre por perto. Acho que o ninho pra eles vai ser sempre um ponto de referencia na vida, uma espécie de porto onde sempre farão uma escala nas idas e vindas.

Quanto ao Papudo...só a natureza vai dizer se ele irá pra longe ou não , mas com certeza sempre haverá no meu quintal uma tigelinha de água e ração esperando por uma visitinha dele.

no aconchego de um ombro amigo

domingo, 16 de janeiro de 2011

Ainda somos os mesmos.


Sou uma pessoa que tem uma relação muito atípica como o passado.
Não gosto de ficar dissertando  sobre o  que passou e dizendo: aquilo sim era tempo bom. Acho que durante a vida toda temos tempos bons e ruins. Ficar querendo que aquele passado volte é perda de tempo...é contra a lei do relógio.
Sou do lema vamos em frente que atrás vem gente e quem vive de passado é museu.
Esse passado que me incomoda é aquele que as pessoas  ficam voltando séculos  dizendo...sou descendente de nobres da Europa, minha família tem sangue azul e deixou um enorme castelo por lá. Ou então...ficar relembrando coisas perdidas... imóveis, carros e herança, ou ainda ficar falando mal dos tempos atuais como se as décadas passadas fossem exemplos de perfeição  para a humanidade.
Não sou uma pessoa sem sentimentos que deixe para trás as verdadeiras e boas lembranças de fatos da vida ...essas sim, são os únicos bens que levaremos para a eternidade.
Mas porque estou falando tudo isso? Bem...ontem a noite  saímos para mais um ótimo programa em família e fomos todos (os cinco) no mesmo carro.
Isso sempre que acontece nos proporciona momentos de muitos risos e as vezes também de acaloradas discussões sobre certos assuntos, afinal...família é família.
Quando as crianças eram pequenas, toda vez que entravamos no carro, meu marido sempre criava algum tipo de brincadeira para distrai-las. Eram disputas acirradíssimas para ver quem formava palavras com as 3 letras da placa do carro da frente, ou então somar, dividir e multiplicar os números das placas, para encontrar um determinado resultado. Talvez até esse tipo de incentivo,  tenha colaborado na formação dos  dois talentos  nas áreas de exatas (Thiago) e humanas(Thaís) que temos em casa.
Ontem  quando voltávamos de Campinas, olhei para o céu e comentei...gente... olhem que lua linda! Meu marido imediatamente começou a cantar a música  Malandrinha , interpretada por Martinho da Vila, que fala sobre a lua. Pronto....foi o que faltava para começarmos uma daquelas brincadeiras....escolhia-se uma palavra que aparecesse em alguma placa de estrada e ganhava quem achasse uma música com a tal palavra.
Essa brincadeira rendeu muita...mas muita risada a ponto do Thiago e da Thaís chorarem de rir ao relembrar uma tal música da jibóia que tinha a palavra jóia sugerida em alguma placa.
Por uns 30 minutos  todos voltamos no tempo  e nosso carro parecia aquele de 15 anos passados, quando a gente saia para os passeios de final de semana.
O passado....passou, mas nada impede o presente de ser tão maravilhoso quanto ele,  porque afinal de contas... ainda somos os mesmos.