domingo, 14 de novembro de 2010

Nos braços de Morfeu

Todas as madrugadas um grande número de pessoas  duelam  incansáveis horas com os lençóis e travesseiros. Num momento de total incapacidade  essas pessoas desistem...pedem trégua e vão para o computador porque a batalha contra a isônia foi perdida.
O twitter é uma boa referência para se avaliar o número de insones que estão por aí, basta ver a quantidade de postagens feitas durante a madrugada.
Mas existem também os notívagos, como no meu caso. (pessoas que são mais produtivas a noite).

Não que eu esteja livre da insônia, já tive um caso profundo com ela...quase um casamento mesmo.
Em uma época da minha vida cheguei a ficar dois meses sem fechar os olhos...e não pensem que eu dormia de dia...isso não acontecia de modo algum. Me transformei num zumbi. Mas o meu distúrbio não era exatamente insônia e sim um desequilíbrio químico do meu cerébro que causou dentre outras coisas a perda total da capacidade de dormir.
Procurei mil médicos, de clínicos a neurologistas e quem resolveu o meu  problema foi um psiquiatra.
Na época eu tinha 35 anos, vida tranquila , sem o menor problema emocional ou financeiro e de repente me deu um revertério do nada que acabou com a minha paz. Cheguei ao consultório implorando por algo que me fizesse dormir, tipo um sossega leão mesmo e depois de muitas explicações sobre as prováveis causas do meu problema ele me receitou um anti-depressivo. Não acreditei que aquilo faria efeito, queria algo dopável... tipo tomou.. tombou, mas ele disse para ter paciência, que em quinze dias o remédio faria efeito e finalmente  eu teria um sono normal.
Eu totalmente leiga no assunto fiquei apavorada achando que me tornaria dependente do antidepressivo e foi aí que o médico explicou que remédios para dormir (tipo benzodiazepínicos ) é que causam dependência. Antidepressivos não causam dependência, na maioria são inibidores da recaptação de serotonina e devem ser retirados gradativamente para não causar vertigens e outros efeitos, mas não ocasionam  nada além disso.
Tomei o remédio meio descrente do efeito e em exatos quinze dias tive minha primeira noite de sono profundo.
Depois de dois meses estava no paraíso finalmente...uma noite inteirinha dormindo feito um anjo.
Prossegui o tratamento  pelo tempo indicado pelo médico e parei quando ele julgou ter estabilizado as minhas funções cerebrais. Não tive qualquer problema em ter parado a medicação.
Ano passado tive uma ameaça da volta do problema e sem  perda de tempo procurei um médico, expliquei o que aconteceu a 15 anos atrás e voltei com a medicação. Minha insônia não durou mais do que uma semana, porque eu já sabia do que se tratava.
Esse outro médico me receitou também para uma emergência, caso eu quizesse amenizar o tempo de  espera dos quinze dias para inicio do efeito do antidepressivo um benzodiazepínico, muito conhecido de 9 entre 10 mulheres insones....o Rivotril. Mas ele deixou bem claro...faça uso desse medicamento com cautela e use em casos de extrema necessidade não tornando constante esse uso. Porque esse sim, tomado frequentemente causa dependência.
Fiquei um pouco desconfiada da posologia indicada pelo médico. Apenas cinco gotinhas caso houvesse necessidade. Comprei o frasco e deixei lá no meu armarinho de remédios.
Um dia...após a minha mudança de residência...eu cansada....acabada e destroçada....apesar de toda canseira deitei na cama e não conseguia dormir. (porque cansaço demais também impede o sono) lembrei do Rivotril e pensei...é hoje que vou descobrir se as tais 5 gotinhas fazem efeito mesmo. Tomei..deitei e por alguns minutos totalmente ligada na tomada  pensei...isso não vai fazer efeito mesmo! E foram as ultimas palavras que me lembro de ter pensado naquela noite....acordei 10 horas depois feliz como um passarinho que canta de manhã. Gente...que troço bom!!!!
Dizem que toda droga se não fosse boa  não viciava e eu constatei isso. Mas tenho consciência do perigo que se expõe se nos deixarmos levar pela comodidade. Meu frasquinho continua lá aguardando quem sabe uma viagem de avião longa e noturna da qual eu tenho certeza que não pregarei o olho de livre e espontânea vontade.

Bom...independente de disfunções químicas eu comentei que sou notívaga. Isso é uma característica que eu tenho desde a adolescência...sempre gostei de estudar quando todos dormiam em casa...preferia fazer faxina na cozinha daquelas de limpar os armários de madrugada e hoje em dia fico fazendo minhas artes e twittando noite a dentro. Não é insonia...porque eu durmo até as 10 da manhã do dia seguinte, isso durante a semana porque em dias não úteis  passo tranquilamente da uma hora da tarde.
Nunca gostei de acordar cedo...sempre cheguei atrasada no trabalho e empurro o dia como se estivesse carregando pedras  quando isso acontece.
Digo  pro pessoal aqui de casa que seria uma ótima vigilante noturna,  me daria muito bem trabalhando na compensação de cheques do Banco Central e seria a operária padrão se trabalhasse no turno da noite de alguma fábrica.

3 comentários:

Cléo disse...

Nada com um texto bom como esse e tão bem explicativo p/ a gente te conhecer mais um pouco. Já comentamos que temos muitas coisas em comum, mas nesse caso específico somos bem diferentes, o sono p/ mim sempre teima em chegar cedo, aí no dia seguinte tenho um monte de coisa p/ ler no Twitter do pessoal da madrugada rsrs. Bjs

Rose Tambasco disse...

Cléo,umas das funções desse blog é justamente essa,as pessoas me conhecerem um pouquinho mais, relatar minhas experiencias e talvez até ajudar outras pessoas expondo como funcionam certas coisas...no meu caso... o pq do antidepressivo e do Rivotril.Espero que seu sono seja eternamente equilibrado pois isso é uma dádiva. Bjs

Sonia disse...

Geralmente caio na cama e se demorar um pouco pra fechar os olhos, acabo dormindo com eles abertos kkkk,isso é um pouco de exagero, é claro, pq antes de dormir assisto as novelas gravadas, mas tenho minha fase de passar a não dormir por várias noites seguidas,só que logo passa,ainda bem,pq ficar sem dormir,pra mim, é bem pior do que ficar sem comer,coisa que eu aguento ficar tranquilamente muitas e muitas horas.